O cenário
macroeconômico do país tem contribuído para o alto nível de
endividamento dos brasileiros, somado à falta de controle das finanças
pela população. Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de
Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC
Brasil) aponta que dentre os principais vilões da inadimplência, os mais
citados são a perda do emprego (37%), que chega a 38% nas classes C e
D, a redução da renda (24%) e a falta de controle financeiro (12%).
Considerando
apenas aqueles que se endividaram por descontrole do orçamento ou
porque tiveram crédito fácil, 39% afirmam que quiseram aproveitar as
promoções oferecidas pelas lojas, levando-os a contrair gastos extras
sem avaliar o orçamento.
Já 24%
reconhecem não ter negociado bem os preços no momento da compra e 14%
disseram que costumam comprar mais do que o necessário para se sentir
bem quando estão ansiosos.
O
levantamento mostra também que seis em cada dez brasileiros
inadimplentes (61%) têm pouco conhecimento sobre a própria renda, entre
salários e outros rendimentos. Para muitos, negligenciar as finanças se
estende até os compromissos mais importantes do dia a dia. Um termômetro
disso é que 45% reconhecem saber pouco ou quase nada sobre o valor das
contas básicas que precisam pagar no fim do mês, mesmo que elas não
estejam em atraso, como água, luz, telefone, aluguel, condomínio, plano
de saúde e mensalidade escolar. Já 61% desconhecem o número exato de
parcelas das compras realizadas por meio do crédito e, em geral, 36% não
planejam o orçamento mensal.
“A
conjuntura econômica continua afetando o bolso da população, que sente
dificuldades financeiras com a perda do emprego ou a redução da renda.
Mas a atitude do próprio consumidor tem papel fundamental diante dessa
situação preocupante de alta inadimplência. O brasileiro possui o mau
hábito de `andar no escuro´, ao não conhecer profundamente quanto gasta e
quanto ganha”, alerta a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela
Kawauti.
Ansiedade e problemas no trabalho contribuíram para desequilíbrio no orçamento dos inadimplentes
Além da
falta de controle sobre o orçamento, as emoções diante de determinadas
situações acabam gerando um consumo desordenado em muitas pessoas. Ao
investigar que tipo de acontecimento pode ter contribuído para o
desequilíbrio das finanças no período em que os entrevistados fizeram a
dívida, a pesquisa constatou que o fator número um está ligado à
ansiedade (21%). Em seguida, foi mencionada a insatisfação ou problemas
no trabalho (13%) como responsável por esse tipo de comportamento.
Outros 12% contraíram dívidas em momentos de estado emocional
abalado por dificuldades financeiras, enquanto 9% passavam por problemas
no relacionamento familiar.
Mas mesmo
após vivenciar todos os contratempos associados à inadimplência, a má
notícia é que pouco são os consumidores dispostos a adotar novos hábitos
para evitar a reincidência. Entre os que se endividaram por descontrole
financeiro ou compras impulsivas praticamente seis em cada dez não
tentaram mudar a atitude para reverter esse quadro (58%). Metade desses
entrevistados alega não ser esse um problema tão grande (50%), 19%
afirmam que o hábito faz parte do seu jeito de ser e que nunca irão
mudar e 17% garantem que a situação não provoca nenhum incômodo.
Ainda
sobre as medidas tomadas para manter as finanças em dia, apenas 19%
buscaram algum tipo de ajuda para resolver suas dificuldades, enquanto
81% não fizeram nada. Nesse último caso, 49% justificam sua decisão
dizendo que são capazes de resolver esses problemas sozinhos, ao passo
que 18% afirmam não ter dinheiro para contratar ajuda profissional.
37% gastam mais do que podem para aproveitar a vida e 37% já deixaram de pagar alguma conta para comprar algo que desejam
O
autocontrole é uma barreira importante contra o consumo exagerado,
embora seja uma tarefa difícil para muitos. Quase metade dos
inadimplentes ouvidos pela pesquisa disseram que quase sempre cedem aos
desejos e impulsos quando querem comprar alguma coisa (46%), enquanto
43% não conseguem controlar os gastos, 42% demoram para cancelar
serviços ou assinaturas que não usam e 31% vivem fora de seu padrão de
vida.
A
impulsividade e a imprudência financeira de parte dos inadimplentes
ficam evidentes também quando respondem sobre sua relação com o dinheiro
em várias situações. Para 40% é comum perder a noção do quanto podem
gastar em uma balada ou jantar, extrapolando o orçamento, ao passo em
que 40% se sentem pressionados a gastar mais dinheiro quando estão com
amigos e família, 37% gastam mais dinheiro do que podem
para aproveitar a vida e outros 37% às vezes deixam de pagar uma
conta para comprar algo que têm vontade.
O estado
emocional dos entrevistados também interfere na gestão do orçamento, uma
vez que 36% admitem comprar, algumas vezes, coisas que não haviam
planejado para se sentirem melhor. Já 27% excedem o orçamento para
ficarem mais bonitos. “Se o consumidor cede frequentemente à
impulsividade para satisfazer seus desejos de compra, se continua
gastando sem planejar ou fazer reserva financeira é necessário
reconhecer que algo precisa mudar. Valorizar o bem-estar imediato é uma
tendência natural do ser humano, mas se a atitude não for bem pensada,
pode trazer grandes prejuízos no médio e longo prazo. O primeiro passo é
reavaliar o orçamento, identificando todas as despesas e receitas do
mês, para então saber onde estão os gastos que podem ser cortados”,
orienta a economista do SPC Brasil.
Fonte-http://www.jairsampaio.com/descontrole-financeiro-e-uma-das-principais-causas-da-inadimplencia-no-pais/#more-190430
Nenhum comentário:
Postar um comentário