A aluna Vitória Nayane do Nascimento Santos,
18 anos, sempre estudou em escolas públicas de Jardim do Seridó, desde a
Educação Infantil ao Ensino Médio. A estudante é Deficiente Visual (DV) e
iniciou sua vida estudantil na Escola Municipal Calpúrnia Caldas de Amorim,
instituição pioneira na Educação Inclusiva na referida cidade, sendo a primeira
a implantar Sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE),
disponibilizando duas professoras em horários distintos.
A Escola firma um compromisso com uma Educação de
qualidade e inclusiva, entendendo que os professores e a gestão, ao receber
alunos com qualquer tipo de deficiência, precisam planejar sua proposta
pedagógica de forma a assegurar os direitos previstos pela Lei de Diretrizes e
Bases (LDB – Brasil, 1996), usando estratégias que amenizem ou erradiquem os
obstáculos impostos pelas suas limitações, visando sua plena participação na
vida escolar e comunitária. No caso do aluno com deficiência visual (cego),
existem alguns recursos que são muito úteis para a aquisição do conhecimento
acadêmico, entre eles: o braile para leitura e escrita e o soroban para
cálculos matemáticos.
A equipe do colégio abraçou a causa, empenhando-se
incansavelmente. Apresentando em seu corpo docente profissionais com
conhecimentos básicos em braile e duas professoras com capacitação em educação
especial, realizada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ana Cristina
Medeiros e Maria Márcia Araújo), onde acompanharam a aluna durante todo o
Ensino Fundamental. Ressalta-se ainda a ajuda do Instituto de Cegos de Natal,
local frequentado duas vezes por semana pela estudante.
O material utilizado pela aluna: Nayane, era
totalmente produzido na sala de AEE – chamada de Sala de Produção, tendo em
vista que o Ministério da Educação (MEC) não disponibilizava de livros
didáticos adaptados para o seu tipo de deficiência. O conteúdo era escrito,
pela estudante, em uma máquina de escrever em braile e transcrito para o português
pelas duas professoras capacitadas. Da mesma forma, eram realizados materiais,
como: mapas, gráficos e planilhas em alto relevo. A sala de AEE era toda
equipada com Soroban, impressora em Braile, scanner e calculadora com voz,
globo terrestre em alto relevo, sistema de Ensino Dosvox, Braile fácil, sendo
esses sistemas operacionais que permitem que pessoas cegas utilizem o
computador.
Após o término do ensino fundamental, a aluna
iniciou seu Ensino médio em outra escola pública, Estadual de Jardim do Seridó,
o CEFE (Centro Educacional Felinto elísio). A Escola também tem Sala de AEE,
onde a professora atuante é Ana Cristina M. de A. Silva, a mesma do município.
E isso, tornou tudo mais fácil, além da metodologia ter sido implantada pelo
CEFE, a Escola Calpúrnia emprestou, todo material necessário para Sala de AEE
da Escola Estadual e, com isso o CEFE pôde dar continuidade ao processo
educativo correto da aluna. Nayane teve o mesmo acompanhamento da sua
professora que a atendia desde a Educação Infantil, com conhecimento em braile
e teve todo seu material adaptado e confeccionado em alto relevo, apesar da
nova escola só ter uma professora com conhecimento em Braile e, ter outros
alunos para atender. Inclusive, sempre participou de Olimpíadas de Matemática,
física e Português.
“Falar sobre a aluna Vitória Nayane, passa um filme
pela minha cabeça, pois foram 12 anos de convivência diária de, muitas lutas,
estudos, conhecimentos, ensinamentos e, acima de tudo, aprendizagens. Porque, a
minha aluna sempre foi muito esforçada,
dedicada, inteligente e muito disciplinada. Por
isso, a mesma obteve um bom resultado em sua redação do ENEM. Muitas vezes,
tenho convicção de que, aprendi mais do que ensinei e, juntas formamos um elo
muito forte de uma amizade verdadeira e até mesmo uma ligação entre mãe e
filha. Por isso, me comprometi com ela, na sua colação de grau do Ensino Médio
de que, irei dar continuidade a seu acompanhamento e ajuda durante sua
faculdade e, juntas iremos comemorar mais uma vez sua superação e mais uma
vitória em sua vida que, será sua graduação em psicologia. Costumo dizer que,
ser Professora de educação Especial é uma benção de Deus em minha vida, AMO
minha função. Portanto, aproveito a oportunidade para parabenizar todos os
pais, mães e vovós especiais (como eu) que, com certeza, fomos escolhidos pelo
nosso criador para essa linda missão que é, a de cuidar de verdadeiros ANJOS
sem asas aqui na terra “. Declarou a professora Ana Cristina.
Fonte-chicogregorio.com.b