Gasolina,
pão, eletricidade e passagem de ônibus são apenas alguns dos itens que
vem aumentando de preço e pesando no bolso da população. As notícias
anunciadas pelo governo são sempre de melhorias na economia, que a
inflação está em queda livre, no entanto não é o que o consumidor tem
encontrado no seu dia-a-dia, e os aumentos diários nas últimas semanas
começam a assustar a população, que se vê refém de preços que não
baixam.
Mesmo com as notícias sobre aumentos diários, o governo sustenta que a
economia vai bem e algumas notícias são realmente boas, mas muito longe
do esperado.
É o caso do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que
em julho deste ano, no acumulado em 12 meses, teve a menor taxa desde
1999, que foi de 2,71%.
Segundo o economista, Luiz Maia, esta percepção da população de que as
notícias boas não são sentidas no bolso é comum, e afirma que há uma
dispersão no cálculo do IPCA.
“Esta percepção é muito comum, a verdade é que o IPCA, é chamado de
amplo porque ele pesquisa hábitos de consumo de famílias e de condições
sócio-econômicas completamente distintas. São mais de 10 mil produtos
verificados em milhares de pontos de venda em todos os lugares do
Brasil, então existe uma grande dispersão, tanto de hábitos de consumo,
de cestas particulares, de bens consumidos pelo individuo A ou indivíduo
B, quanto também de pontos de venda”, explicou.
Ele explica como isso acontece.”Se você fizer um experimento e sair de
casa e fizer a mesma compra das mesmas marcas em três supermercados
diferentes, você vai encontrar uma dispersão ai de 15, 20, talvez até
30% no valor total da compra. Então em uma economia como a nossa , em
que a gente conviveu durante muitos anos com inflação elevada, muitos
vendedores tem a atitude de precificar de maneira oportunista os seus
bens, de modo que se você for em um supermercado de bairro, você vai ver
certos bens sendo precificados de maneira mais agressiva e outros mais
barateados para atrair aquela clientela, e se você for em um
supermercado desses tradicionais, você vai ver um comportamento
completamente distinto”, afirmou o economista.
De acordo com Luiz, a percepção que a população tem da inflação é distinta do conceito de inflação média.
“Então a percepção nossa da inflação, geralmente é muito distinta da
inflação média. Isso quer dizer que o índice na verdade não expressa a
inflação de ninguém, mas expressa a inflação de uma média, de um
indivíduo teórico, que não existe. De toda forma se a pessoa quiser
saber, o índice de inflação mais próximo das famílias de baixa renda, o
INPC, que é um índice de preços ao consumidor que também é calculado
pelo IBGE, e aí ele foca em famílias com rendas muito mais baixas, eu
acho que se não me engano de um até cinco salários mínimos, ai você vai
ver alguma diferença, mas mesmo assim talvez não tão grande”, explicou.
No entanto, acrescenta que esta é realmente uma realidade comum. “Mas
de toda forma é uma realidade muito comum, sempre encontrada pelas
pessoas que confundem uma média, com um valor que elas vão observar
pessoalmente”, finalizou.
De acordo com a economista Márcia Azevedo, esse aumentos em áreas
variadas tem uma explicação. A exemplo do aumento do gás de cozinha, que
tem reflexo direto no aumento do custo de alimentação em restaurantes.
“A inflação depende de uma média de preços, ela não depende de um
preço isolado, o que eu quero dizer é que existem preços que influenciam
outros preços, á exemplo da gasolina e do gás de cozinha. Por exemplo, o
aumento do gás de cozinha vai aumentar o custo de alimentação em
restaurantes. O aumento do preço da gasolina vai aumentar o preço do
transporte público”, disse Márcia.
Segundo a economista, a inflação tem baixado em decorrência da
redução do consumo de bens, no entanto outros bens não reduzem como é o
caso da gasolina.
“Como nós estamos vivendo ainda um período de recessão que é queda do
emprego dentro da economia e a inflação se reduz porque os consumidores
reduzem o consumo de todos os bens, mas existem alguns bens que não
podem reduzir”, explicou.
E acrescentou que a solução para o consumidor é tentar reduzir o
consumo em outras á reas que não sejam estas que não é possível reduzir.
“Apesar de no Brasil a gente estar tendo uma redução da taxa de
inflação, no acumulado este ano a taxa de inflação ela está em 1,62% e
este é o menor índice para o mês de agosto desde a implantação do plano
real, apesar disso, os preços mais importantes, como por exemplo o
combustível, continuam elevados. A solução para o consumidor é reduzir
consumo em outras áreas”, finalizou.
Inflação pesa no bolsa na população
No Brasil, os constantes aumentos de preços são sentidos diretamente
nas contas e planejamentos da população. O advogado Renan Castro, vê com
um olhar de indignação o que acontece no país. Na opinião dele, as
mudanças no governo acontecem, mas o custo de vida no Brasil continua
sendo muito alto.
“Na minha opinião o Brasil não possui uma economia firme. Apesar do
governo nos prometer melhoras, nós não sentimos no bolso a diferença. O
custo de vida é bem alto, sai governo, entra governo e nada muda”,
disse.
Segundo ele, o país tem um bom potencial para ter uma economia
estável, mas o que se observa é que os preços só continuam aumentando.
“Dizem que a inflação caiu, que vai cair mas continuamos pagando
preços altos por gasolina, alimentos, no transporte público e até então
ninguém explica qual o motivo. E em um país como o nosso que pagamos
altos e vários impostos, que é auto-suficiente em algumas matérias
primas, que é um grande exportador, ficamos sem entender a causa de isso
tudo”, afirmou o advogado.
O empresário João Angeloni, que é um consumidor de combustível, assim
como boa parte da população brasileira, tenta sempre ser otimista, no
entanto segundo ele, hoje em dia a situação anda preocupante,
principalmente com tantos aumentos nos preços de combustíveis.
“Eu procuro ter uma visão otimista das coisas, mas hoje em dia está
meio complicado manter esse pensamento. Por mais que a inflação atual
esteja estável e consideravelmente baixa, nós estamos sofrendo muito com
o preço dos combustíveis que está elevado pelo aumento de impostos
implementado pelo governo, o que nos atinge diretamente porque o
transporte de alimentos e de bens de consumo no Brasil é feito quase que
exclusivamente por caminhões, que dependem dos combustíveis para
rodar”, disse.
E acrescentou que espera que as notícias futuras sejam melhores, para que no ano que vem o país possa ter uma reação.
“Eu vejo que a economia começar a dar alguns sinais de melhora, mas
de forma muito lenta e acanhada pois a confiança da população e dos
empresários está baixa. Espero que até o fim do ano as coisas melhorem e
a economia dê uma guinada para que chegue no próximo ano com poder de
reação”, destacou.
Fontr- http://glaucialima.com