Em conversa com Serginho, na madrugada de domingo, o maquiador Dicesar voltou a explicitar o seu confronto com o lutador Marcelo Dourado em termos de uma disputa entre heteros e homossexuais.
Ao longo dos 70 dias do programa, houve várias situações que demonstraram o desconforto de ambos com a situação – o ápice da disputa ocorreu quando Dourado, irritado por ter sido indicado ao paredão por Dicesar, gritou: “Apesar de ser viado, seje homem”.
Nesta madrugada, o maquiador falou longamente sobre o lutador. Primeiro, classificou-o como “homem do tempo das cavernas”. Disse Dicesar:
“Não tem mais homem assim. Outro dia ele falou assim pra mim: ‘Pô, admiro muito a sua história: morou em orfanato, você é drag queen, é gay...’ Ele falou drag queen como se eu fosse um leproso. Como se eu tivesse dó de ser drag queen! Não sou um brucutu como ele. Na hora, eu falei 'muito obrigado', mas com cara de ‘que dó que tenho de você’”
O maquiador conclamou os gays a votarem em Dourado num eventual paredão em que o enfrentasse:
“São 15 milhões de veados no Brasil, que iam tirar ele. Ele ia morrer se um gay competisse com ele e ele saísse. Ele ia sair metralhando as bichas no outro dia, na rua”.
Num dos trechos mais emocionados da conversa, Dicesar discursou sobre a fama dos gays de serem afetados:
“Nós gays levamos muito isso, (a fama) de ser carudo, de gostar de marca, de etiqueta. Veado às vezes não tem um tostão no bolso, tem um passe de ônibus no bolso. Mas eu vou ficar com cara de passe de ônibus? Vou ficar com cara de bicha bonita. Vou ficar com cara de magoada para todo mundo bater na minha cabeça e cuspir? ‘Sai veado!’ A vida inteira já cuspiram na nossa cara. Aí vou ficar com a bunda baixa no chão? Tem que levantar o pescoço mesmo. Levanta o nariz, sou bonita e me engula!”
Depois, voltou a falar de Dourado. “Ele é o carma que entrou na minha vida aqui no programa... Se ele fosse o último (homem) numa ilha eu ia chupar o coqueiro.” Refletiu um pouco e continuou: “Na outra encarnação, ele deve ter sido aquele soldado que cutucou Jesus com a lança. Boa coisa ele não foi.”
Serginho observou: “Ele precisa de ajuda psiquiátrica”. Ao que Dicesar completou. “Nada. Na próxima encarnação ele vem saco de pancada. Pra todo mundo dar chute nele. Ou Judas. Todo mundo amarrar ele numa árvore e dar pancada”.
Na visão dos fãs de Dourado, Dicesar está incitando violência contra o candidato. A novelista Gloria Perez, por exemplo, indignou-se. Concordou com a frase de um leitor, que disse: “Quando os que pregam tolerância se mostram tão intolerantes é que vemos quem tá segurando a lança”. E acrescentou, por conta própria: “Não pode espancar ninguém querida! Muito menos pedir que espanquem pela TV. Acorda!”
Respeito a opinião da novelista, mas não vejo dessa forma. Entendo o desabafo de Dicesar como mais um capítulo de uma trama ousada, que o BBB apenas esboçou. Ao colocar três gays assumidos na casa, e um heterossexual que manifestou claramente seu desconforto com a situação, houve oportunidade para a manifestação de diferentes preconceitos, mas pouco se avançou no esforço de superar as diferenças.
Fonte:Blog Mauricio Stycer