Pedro Cavalheiro, irmão de Olavo e Heitor Cavalheiro – donos da empresa Set Cavalheiro FX, responsável pelo equipamento rompido durante a apresentação da peça “Xanadu” no último sábado (28) –, acredita que houve sabotagem para o rompimento dos cabos que sustentavam os atores Thiago Fragoso e Danielle Winits, que caíram de uma altura de quatro metros. “Trabalhamos com a hipótese de sabotagem. Sem interferência humana, não existe a possibilidade de um cabo desses romper", declarou Pedro ao UOL, que garantiu que era feita uma checagem diária do equipamento antes de o espetáculo começar.
“Os cabos são importados e aguentam 500 kg cada. Um cabo só já seria suficiente para o peso de duas pessoas. Dois mais ainda. Os atores de "Xanadu" estavam presos a quatro cabos. Tínhamos uma autonomia de duas toneladas. São cabos independentes. Não é um cabo só que se divide em quatro. Um cabo estourar já seria muito difícil. Os quatro ao mesmo tempo é muito estranho! Além disso, há um dispositivo de segurança que, se perceber que cada cabo está recebendo um peso de mais de 400 kg, automaticamente trava o voo e os atores voltam para o palco”, argumentou.
Investigação apura falha técnica ou humana
A polícia não trabalha, a priori, com a hipótese de sabotagem. O delegado assistente Tales Nogueira, da 14ª DP (Leblon) – onde está sendo investigada a causa do rompimento dos cabos de sustentação – afirmou ao UOL que a linha de investigação vai apurar se houve falha técnica ou humana. “Ainda é cedo para dizer quem é o culpado. Tudo isso depende dos resultados dos testes que ainda vão ser feitos. O culpado pode ser o teatro, a empresa responsável pelos cabos ou a pessoa responsável por operar a manobra no equipamento durante o espetáculo. Alguns funcionários do teatro e alguns atores da peça prestaram depoimento e nenhum deles citou divergências entre o elenco para que pudesse haver sabotagem”, contou.
O delegado disse que pretende colher depoimentos dos atores Thiago Fragoso e Danielle Winits e das três outras vítimas do acidente. Olavo Cavalheiro, da empresa que simula o voo, e a técnica de efeitos especiais da empresa Cora Cavalheiro já prestaram depoimento. Dani Winits deixou a clínica São Vicente, onde estava internada desde sábado, na manhã desta segunda.
O equipamento que simula o voo dos atores foi entregue para o ICCE [Instituto de Criminalística Carlos Éboli] realizar a perícia e testes para checar a resistência dos cabos. Procurados pela reportagem do UOL, os responsáveis pela peça dizem que vão aguardar o laudo, que deve ficar pronto em até 30 dias, e que não iriam comentar a possibilidade de sabotagem.
Fiscalização será feita no teatro
Fiscais do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) farão vistoria na tarde desta segunda-feira, no Teatro Oi Casagrande, onde aconteceu o acidente na noite de sábado. O vice-presidente do conselho, Jaques Sherique, irá analisar as condições do local, onde cabos de aço se romperam durante a apresentação do musical. O Crea-RJ quer averiguar se o teatro tem engenheiro responsável e quer identificar o profissional responsável pela montagem do palco.
* com informações da Agência Estado