O gigante do MMA Antônio Silva, o Pezão, admitiu que chegou até
a lactar há alguns anos em função de algumas disfunções hormonais oriundas da
acromegalia, doença na qual precisou remover um tumor benigno na glândula
pituitária.
O inusitado episódio, de acordo com o lutador de 1,93m de altura, ocorreu há aproximadamente oito anos e exemplifica os problemas que ainda sofre decorrentes da doença.
A primeira revelação de que Pezão já lactou foi feita na última semana pelo seu empresário, Alex Davis, em entrevista ao site americano The MMA Hour. O lutador comentou o caso e disse que quando o fato ocorreu pela primeira vez sentiu até vergonha de comentar com as pessoas mais próximas.
"É verdade o que ele falou. Isso foi em 2006, logo quando descobrimos a doença, quando ela estava em um estado bem avançado. Depois de 2006 que eu fiz a cirurgia, e isso foi controlado. Não tive mais esse tipo de problema depois", falou Pezão em entrevista ao UOL Esporte.
"Na primeira vez que vi, lembro que fiquei meio assustado. Não sabia o porquê , não comentei com ninguém porque tinha vergonha. Mas fiz uma ressonância, fui a um médico e ele explicou a doença. Hoje achamos tudo na internet, e depois, por curiosidade, me informei sobre ela e fiquei mais tranquilo. Graças a Deus, melhorei de zero a 10, estou curado disso. Apenas a parte hormonal que nunca será controlada."
Uma das médicas que cuida de Pezão no Brasil, Rose Torres, disse que começou a trabalhar com o lutador em 2007, quando já não sofria mais do problema. Mas diz que ele relatou que isso ocorrera com ele anteriormente.
"Hoje ele não tem mais e está controlado esse problemas. Não são todos os pacientes acromegálicos que lactam. Quando ele veio consultar comigo, já chegou operado do tumor e não tinha mais esse problema. Mas ele relatou que isso já havia acontecido", falou.
O inusitado caso citado por Pezão e seu empresário vieram em uma tentativa de justificar o fato de ter sido flagrado no doping em sua última luta e depois ser suspenso por nove meses do UFC.
No combate contra Mark Hunt, Pezão teve altos níveis de testosterona em seu exame antidoping. Ele justificou que teve que fazer o polêmico tratamento de TRT para repor seu nível de testosterona por ela estar muito baixa em função da desregulação hormonal que a acromegalia causa (o fato de lactar foi um exemplo usado para mostrar o quão descontrolados estão seus hormônios).
"A doença faz com que a minha testosterona baixe. Não fiz tratamento (de TRT) por melhor performance, mas para o meu bem estar", disse Pezão ao tentar se explicar.
Essa não foi a primeira vez que Pezão passa por um problema envolvendo doping. Em 2008, ele foi pego com o uso do esteróide boldenona em um exame após um combate. Na época, ele se defendeu afirmando que o teste positivo foi vítima de um suplemento legal que contém reforço da substância.
ESPECIALISTA DIZ QUE É POSSÍVEL LACTAR EM FUNÇÃO DA
ACROMEGALIA
· O UOL Esporte ouviu uma especialista para saber se é possível lactar como consequência de distúrbios da acromegalia. A médica Cláudia Chang, membro da Sociedade Brasileira de Endocrionologia e doutoranda em Endrocrionologia e Metabologia pela USP, disse que é possível isso ocorrer em um homem. Mas ressaltou desconhecer totalmente o caso do lutador Pezão e que não pode falar sobre sua situação, mas apenas uma visão geral. "Sim, é possível. A acromegalia se deve, na maioria das vezes, a tumores hipofisarios que produzem GH (Hormônio do crescimento em excesso). Existe um outro hormônio, também produzido pela hipófise que se chama prolactina, que pode estar elevada nos pacientes que apresentam acromegalia, seja pela secreção hormonal (produção pelo tumor tanto de prolactina como GH), seja pelo tamanho do tumor, que acaba fazendo com que o hormônio que "inibe" (impede) a formação de prolactina (dopamina) não chegue na hipófise e com isto os seus níveis aumentem. O valor que a prolactina chega em media, é diferente em cada uma destas situações (sendo maior quando ha produção e menor quando ocorre o aumento pelo "desvio" decorrente do tamanho do tumor", falou a médica.Fonte:http://esporte.uol.com.br/