quarta-feira, 25 de março de 2020

Radicalização de Bolsonaro no pronunciamento é a de tentar polarizar e tem como alvo fazer o eleitorado bolsonarista a voltar a sair em defesa do governo


A radicalização do discurso adotada pelo presidente Jair Bolsonaro em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV nesta terça, segundo assessores presidenciais, é a de tentar polarizar o debate no esforço de municiar o eleitorado bolsonarista a voltar a sair em defesa do governo.
Nos últimos dias, segundo relatos feitos à Folha, o núcleo digital da Presidência da República constatou uma desmobilização de perfis de direita nas redes sociais, que passaram a defender menos o presidente de ataques da esquerda.
O encontro que não estava previsto na agenda presidencial e aconteceu no final da tarde e definiu o pronunciamento, fizeram parte dele, além de Carlos Bolsonaro, os ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Onyx Lorenzoni (Cidadania), Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Walter Braga Netto (Casa Civil). O senador Flavio Bolsonaro (sem partido-RJ) e o ex-jogador de futebol Paulo César Tinga também estavam presentes.
A avaliação é de que, diante do clima de animosidade, era hora de orientar a militância digital apontando inimigos, no caso os veículos de imprensa e os governos estaduais, mobilizando os eleitores fiéis a responderem às críticas contra a gestão federal.
Além disso, ao criticar o desaquecimento da atividade econômica, o presidente, segundo deputados aliados, tentou criar uma vacina: a de que um eventual aumento do desemprego no futuro não é responsabilidade sua, mas dos governos estaduais que adotaram medidas de contenção.
A estratégia adotada pelo presidente, no entanto, não é consenso no governo. O texto foi feito sem a participação de seus ministros.
Antes da gravação do discurso, de acordo com auxiliares palacianos, alguns integrantes do núcleo militar, cientes de que ele pretendia radicalizar o tom, tentaram dissuadir Bolsonaro.
Para eles, aumentar o clima de conflagração pode ter o resultado oposto ao pretendido: o de fortalecer o discurso dos governos estaduais e o de levar eleitores do presidente a abrirem mão do apoio.​
Desde o início da semana, a cúpula militar vinha tentando moderar o discurso do presidente. Foram eles, por exemplo, que convenceram Bolsonaro a promover videoconferências com governadores em busca de um consenso nacional.
O presidente deixou para esta quarta-feira (25) o último encontro, com os governadores da Região Sudeste, com as presenças de João Doria (São Paulo) e Wilson Witzel (Rio de Janeiro).
Ele conversou na segunda (23) com os gestores de estados do Norte e Nordeste e nesta terça (24) com governos do Centro Oeste e Sudeste.
Nas palavras de um auxiliar presidencial, ao criticá-los de maneira indireta no pronunciamento, Bolsonaro se antecipou a eventuais críticas que possa sofrer de ambos na reunião por conferência.
Com informações da Folha de SP Fonte-https://www.blogdobg.com.br/

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