Do Correio Braziliense
Os primeiros e os últimos momentos de
Bento XVI como papa foram acompanhados de muito perto por um brasileiro
criado no sertão do Rio Grande Norte. Flávio José de Medeiros Filho, de
sotaque nordestino ainda bastante carregado, deixou o Brasil 13 anos
atrás para ser seminarista em Roma. Há oito, vive dentro do Vaticano e
ocupa um dos cargos de maior prestígio na Basílica de São Pedro, o
coração da Igreja Católica.
Discreto, embora muito falante, Padre
Flávio é um dos dois cerimoniários do megatemplo. Ou seja, é ele quem
cuida de todos os detalhes das celebrações ali realizadas. Aos 35 anos, o
diocesano tem acesso livre a espaços fortemente vigiados. Basta um
aceno para circular livremente pelos pátios cercados pela Guarda Suíça e
por altos muros. O serviço aos cardeais no altar valeu a ele o respeito
da cúpula da Igreja.
No fim da tarde de ontem, exatamente 24
horas após Bento XVI deixar o Palácio Apostólico, padre Flávio falou ao
Correio em um lugar escolhido por ele: uma passarela sobre um viaduto,
com vista para o alto da basílica. “Eu moro ali”, contou, entusiasmado,
apontando para uma janela no topo de um prédio ao lado da Casa Santa
Marta, onde os cardeais ficam hospedados durante o conclave.
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