- Fonte Robson Pires, O anúncio de uma nova droga sempre gera, entre médicos e pacientes, uma recepção ambígua. Se por um lado desperta expectativa, por outro levanta uma velha questão: afinal, qual a vantagem do medicamento sobre o que já está consagrado na farmácia? O assunto esquenta quando estamos diante de uma doença como o diabete tipo 2, que afeta quase 10 milhões de brasileiros e hoje é alvo de pelo menos sete classes farmacológicas — quantidade suficiente para deixar até especialista perdido. Nesse cenário cheio de comprimidos e injeções, a aposta do laboratório americano Amylin se norteia pela praticidade: um remédio de aplicação semanal.
O exenatide de liberação lenta, eis seu nome científico, acaba de ser aprovado pelas autoridades dos Estados Unidos e da Europa e se espera que no prazo de um ano ganhe liberação para uso no Brasil. Ele é o terceiro integrante de um grupo medicamentoso conhecido como análogos de GLP-1. “Essa classe imita um hormônio produzido no intestino que estimula a fabricação de insulina, a responsável pela entrada do açúcar nas células, pelo pâncreas”, explica o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, no interior paulista. Os análogos são aplicados na barriga, nos braços ou nas coxas por meio de uma caneta — ou uma seringa com uma pontinha, no caso do seu mais recente representante — e visam compensar a resistência à insulina, quando essa molécula não consegue fazer a glicose penetrar nas células. A ideia é elevar indiretamente a cota de insulina para vencer essa deficiência.
Os análogos de GLP-1 despontaram nos anos 2000 como opções potentes para melhorar o controle do diabete tipo 2. “Eles têm um mecanismo de ação inteligente, que só reduz a glicose no sangue quando ela está alta. Por isso, o risco de hipoglicemia é muito baixo”, diz o endocrinologista Antônio Carlos Pires, da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo.
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