Não é pequena a cartela de empresas que a partir de amanhã começarão a receber os minérios beneficiados na Casa Grande Mineração (CGM), que inaugurou a fábrica matriz no município seridoense de Parelhas na última sexta-feira. Serão mais de 100 clientes já garantidos por meio de parcerias com a Armil Mineração, a Mil Minérios e a Mineração São João. Com o status de maior fábrica de feldspato do Brasil, a CGM trabalhará ainda com outros produtos e subprodutos extraídos do solo potiguar. A produção atenderá diversas indústrias, entre as quais se destacam a cerâmica e a de suplemento animal.
Por trás do projeto que o diretor-presidente da CGM, João Leal, intitula como "audacioso", está o "boom" da construção civil, aquecido por grandes obras, programas de habitação e especulação imobiliária. "Logisticamente foi o melhor local para a operação", explica o empresário, que também é representante da Armil Mineração. Nascida no Piauí, a empresa tem presença ainda nos estados do Ceará, Maranhão e Paraíba. A estimativa é crescer 50% nos próximos cinco anos (10% ao ano), e produzir um total de 120 mil toneladas por mês.
No rol de clientes está o Grupo Luzarte Estrela, que produz louça sanitária para todo o Brasil e outros sete países. "Tínhamos necessidade de crescer", afirma o diretor-presidente Fenando Francisco da Costa, que prevê um aumento de 50% na produção a partir de março. "No Brasil existe a necessidade de aumento do que é produzido. E essa parceria deu mais confiabilidade para nós", conclui.
No setor de suplemento animal se destaca o grupo Tortuga. O gerente da fábrica do grupo em Pecém, Ubirajara Dutra, conta que o aproveitamento será relacionado à substância filito, aplicada em 18% na conjuntura do produto. Os suplementos minerais atendem o setor agropecuário, sendo utilizado para bovinos, equinos, aves, suínos e caprinos. "Vamos produzir 15 mil toneladas por mês", estima Dutra. Aberta há três anos, a unidade de Pecém começou produzindo cinco mil toneladas mensais. "Tivemos a importância logística e também a qualidade do produto", afirma o gerente.
O diretor presidente da CGM, João Leal, enfatiza a proatividade da empresa. "Fazemos pesquisa, exploramos, transportamos, beneficiamos e entregamos ao cliente. É cama, mesa e banho", brinca. Além da parceria com as três outras empresas ligadas à mineração, a Casa Grande está aberta a trabalhar com cooperativas de pequenos mineradores. Seis associações da Paraíba e RN estão fechadas com a empresa, entre elas estão duas potiguares, de Lajes Pintadas e Currais Novos.
A fábrica vai gerar 110 empregos diretos e mais de 300 indiretos. O investimento total foi de R$ 15 milhões, dez vezes o valor previsto inicialmente, que era de R$ 1,5 milhões.
Moinho é diferencial no beneficiamento
Um moinho de oito metros de comprimento é tido como o grande diferencial da fábrica de Parelhas. O equipamento de origem espanhola e alemã tem a capacidade de produzir dez toneladas por hora, dependendo da substância e do tipo de granulometria. A moagem funciona para diversas substâncias, com destaque para o feldspato. "É o que temos de mais moderno, em termos de capacidade de moagem, produção, e da qualidade do produto", garante o gerente da matriz, Ubiratan Ribeiro.
A chegada ao estágio de moagem vai depender do pedido dos clientes. Antes de qualquer definição, os minerais colhidos nas jazidas saem transportados pela própria CGM, que possui uma frota de mais de 25 veículos entre caminhões e caminhonetes. Na entrada da fábrica todo o material passa por uma balança de controle de qualidade, e é separado de acordo com o tipo de minério em grandes pilhas. A partir daí, os minerais ficam estocados até as solicitações se o produto será moído e deixado em pó, ou passará apenas pelo britador, que faz apenas a quebra das rochas.
Toda a produção é jogada nos caminhões da CGM e de empresas terceirizadas para então serem levados aos seus respectivos destinos, localizados nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste, além da Argentina. De acordo com Ubiratan Ribeiro, a matriz de Parelhas recolherá mineral em um raio de até 100 quilômetros, se estendendo por RN e Paraíba, e abrangendo cerca de 80 jazidas. Totalizando os demais estados em que a empresa está presente, são 130 jazidas, número que pode aumentar. "As pesquisas são feitas a todo momento", mensura o gerente da unidade.
Sobre o mercado consumidor, o diretor-presidente João Leal revela que novos clientes vêm sendo trabalhados na América do Sul, como Colômbia e Peru.
Trabalho próximo a empresários
A retomada do setor mineral no RN é colocada como resultado de uma série de fatores, segundo explica Fábio Rodamilans, coordenador de Desenvolvimento Mineral da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedec). Um dos pontos determinantes está no comportamento do mercado internacional abalado pelas crises. A vinda da Casa Grande Mineração é mais um dos projetos para a mineração, que garantiu ainda no ano passado a exportação de minério de ferro, além da instalação e prospecção de outras empresas.
"A mineração não é um mercado simples, pois demanda tempo e pesquisa. Em 2011 as empresas que já tinham trabalho aqui começaram a efetuar as atividades", observa Rodamilans. De acordo com o coordenador de Desenvolvimento Mineral, a maior parte atua com incentivos do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial (Proadi) do governo estadual, condição com que a CGM, e outras, como a Mizu, de cimento.
O coordenador da Sedec ressalta um cenário mundial favorável ao desenvolvimento da atividade. Situações como ada China, que parou de exportar minério de ferro, e da Europa, que utiliza o ouro como reserva para suportar a crise internacional, elevaram o preço do mercado mineral e abriram o mercado a novos fornecedores. No caso do minério de ferro, foram exportadas 70 mil toneladas via Porto de Natal no ano passado.
Para Rodamilans, nada seria possível não fosse a atuação do governo próxima às empresas interessadas no RN. O coordenador de Desenvolvimento Mineral cita ainda o ouro como um dos produtos a se destacar em 2012. "A Cruzader produzirá de três a cinco toneladas em Currais Novos. O Brasil produziu em 2010/2011 entre 56 e 58 toneladas. Podemos chegar a até 8% da produção nacional", calcula.
Fonte:Dnonline.
Nenhum comentário:
Postar um comentário