quarta-feira, 19 de outubro de 2011

"A bebida só trouxe coisa ruim pra mim", diz Edson, às vésperas de voltar ao palco com Hudson


Sentados nas cadeiras da cozinha do estúdio comprado recentemente por Hudson em Limeira, no interior de São Paulo, Edson e o irmão mexem em uma pasta repleta de arquivos antigos, com fotos de infância, letras manuscritas e cartazes da dupla Pep e Pupi, nomes utilizados pelos cantores quando crianças. As fotos geram conversas nostálgicas entre os irmãos, que parecem relembrar o passado sem nenhum trauma ou constrangimento.
A relação entre eles parece ter voltado ao normal. Após quase dois anos separados por uma série de brigas e desentendimentos, Edson e Hudson resolveram voltar aos palcos. Logo de cara, já anunciaram três projetos: um CD, que sai até o início de novembro; um DVD, com gravação planejada para novembro; e a segunda edição do DVD "Na Moda do Brasil", projeto com grandes sucessos da música sertaneja, que tem a gravação planejada para o início de 2012. O show que marca a volta dos irmãos acontece no próximo sábado (22), no Credicard Hall, em São Paulo.
No dia 29 de agosto, a dupla anunciou seu retorno. Junto ao anúncio, surgiram os boatos de que a retomada da carreira havia sido por conta de dificuldades financeiras que os irmãos estariam passando, teoria refutada por Hudson. "Quem fala isso não faz a mínima ideia do que está falando. A gente fez sucesso por quase uma década, ganhamos muito dinheiro, temos nosso patrimônio, nossas casas e várias outras coisas. As pessoas querem achar um motivo, mas não há um motivo".
A decisão de retomarem a dupla não foi discutida em reuniões, tampouco planejada. "Cheguei um dia na casa do meu pai, o Edson estava lá, e meu pai estava no sofá vendo TV, com uma cara horrível. Ele virou pra mim e falou 'volta com seu irmão'. Ali mesmo eu já combinei de ir na casa do Edson. Não deixamos de nos falar. Ficamos um pouco afastados, mas aos poucos voltamos a conversar. A gente sempre sentiu que a dupla voltaria um dia. A gente é irmão, cara, irmão briga. Nós cantamos 23 anos antes de fazer sucesso, não é fácil conviver tanto tempo com uma pessoa e achar que não vai dar problema", diz o segunda voz.
Hudson, que nos últimos dois anos fez algumas apresentações com a banda Rollemax e gravou um projeto ao lado do cantor Donizeti, que nunca foi lançado, também se incomoda quando ouve dizer que a separação da dupla foi apenas jogada de marketing. "É mais outra besteira. Desde quando separar é jogada de marketing? Pra ser muito sincero, esse tempo foi ótimo. Você imagina que a gente nunca parou? Desde criança cantando em circo, acompanhando nosso pai, e até dois anos atrás a gente nunca tinha parado? Esses quase dois anos serviram pra nós dois vermos quem é quem, quais são os nossos amigos, quem era só interesseiro, e a gente acabou vendo que sobrou pouca gente".
O álcool e a convivência "insuportável"
Já não há mais receio de falar sobre alcoolismo. Tanto a dupla quanto o empresário Wagner Mendes, que ao lado do sócio Luiz Montoya segue cuidando da carreira dos irmãos, concordam que a separação era inevitável. O álcool, principalmente por parte de Edson, deixou a convivência "insuportável", de acordo com a própria dupla. "O Edson é um cara fantástico, trato ele como irmão, mas é uma pessoa que se transformava quando bebia. Ficava sem limites, sem ter como conviver com ele", diz Mendes, que continuou cuidando da carreira de Edson quando o cantor passou a se apresentar sozinho.
O empresário teve de assumir a linha dura: "tempos atrás, depois de um programa de rádio que ele fez ao vivo, eu liguei pra ele e disse: 'parabéns, você cantou rouco'. A bebida ia estragar o principal instrumento que ele tem, e nada pior pra um cantor do que você pegar nesse ponto".
Tatuado e fã de rock, o culpado pela separação, ao menos para o público, era Hudson. O cantor já sabia disso, e diversas entrevistas na última semana o fizeram perceber que a ideia havia sido bastante difundida. "Agora resolveram me perguntar sobre droga. Eu já falei de alcoolismo, mas insistem em perguntar sobre outras drogas mais pesadas, achando que existe alguma coisa. Tem um monte de gente aí que usa, todo mundo desconfia, mas ninguém pergunta. Para o cara que separou do irmão e gosta de rock, eles perguntam".
Há 30 dias sem ingerir nada de álcool, Edson está visivelmente mais magro. "Era inchaço, parei de beber e murchei", explica. "Cara, já faz um mês que eu parei mesmo, e não quero nem pensar em voltar a beber. A gente teve uma segunda chance, estamos bem, felizes, e a bebida só trouxe coisa ruim pra mim. É um momento novo ao lado do meu irmão, e a gente não está nem um pouco a fim de cometer os mesmos erros", garante.
Falta de respeito mútuo
Em quase todas as entrevistas que deu nas últimas semanas, Edson utiliza o termo "insustentável" para definir a relação que tinha com o irmão quando a separação foi decidida. "Rapaz, chegou um momento em que eu ouvia todo mundo, menos o meu irmão. É gente que fala uma coisa ali, outra aqui, e nós mesmos não nos respeitávamos. O principal motivo pra gente acabar é que não existia mais respeito um pelo outro", ele conta.
Para Edson, uma coisa que prejudicou ainda mais foi ter se separado ainda em 2008 e ter feito uma turnê de despedida em 2009. "Ou seja, a gente já não queria mais, mas por contrato, cantamos mais um ano juntos contra a vontade dos dois. Por isso a relação ruim entre a gente ficou tão evidente, as pessoas viam que nós nem nos falávamos mais direito. O alcoolismo foi problema, a depressão que nós tivemos também foi muito difícil, e tudo isso gerou uma falta mútua de respeito, da qual nós dois nos arrependemos e nos envergonhamos muito".
Edson passou quase dois anos cantando sozinho e, apesar de dizer que jamais se sentiu frustrado por não repetir o sucesso que obteve com a dupla, confessou que a primeira apresentação solo, em Mongaguá, litoral sul de São Paulo, foi difícil. "Quando subi naquele palco, senti meio que um vazio. Tava lotado de gente, era praia, show gratuito, mas pra mim foi muito estranho. Eu sempre tive o Hudson ali do meu lado esquerdo, então às vezes você canta achando que tem alguém ali, mas não tem, você tem que ficar no centro do palco e segurar aquilo ali tudo sozinho".
Apesar de estarem juntos novamente, os irmãos não sentaram ainda com os empresários para discutir um novo contrato, preferiram deixar o assunto para um segundo momento. Sobre o valor da multa rescisória que existirá no futuro contrato, Edson disse: "se é pra ter essa multa, põe logo, sei lá, cem milhões. Nunca mais vou separar do Hudson".


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