“O seresteiro da noite” não é Amado Batista (na foto 1). Por trás deste e outros sucessos de um dos mais populares artistas nacionais está o talento potiguar. José Fernandes (foto 2 ao lado da pesquisadora potiguar Leide Câmara) é um curraisnovense autor de composições gravadas por Leandro e Leonardo, Zezé di Camargo e Luciano e personagem de uma história de vida fascinante, quando saiu do Rio Grande do Norte subnutrido para catar papelão em Goiânia e se tornar um dos maiores compositores de música sertaneja do país.
Na entrevista publicada ontem neste Diário de Natal, Amado Batista foi perguntado sobre o que ele conhecia da música potiguar. A resposta levou em consideração o gosto do norte-riograndense pelo forró e a música romântica, sem citar nomes. E esqueceu o autor dos maiores sucessos de sua carreira, o “amigo” José Fernandes, compositor de “Seresteiro da Noite”, “Princesa”, e “Serenata”. E a amizade entre os dois já conta mais de 30 anos, desde quando José Fernandes lavava carros em Goiânia e encontrou Amado Batista na rua.
“Zé Fernandes me disse que era 76 ou 77. Ele lavava carros e encontrou Amado na rua. “Queria mostrar uma música minha”, falou. E lhe mostrou três: “Serenata”, “Semente de Amor” e “Não Consigo Lhe Esquecer”. Amado Batista gravou as três e Zé Fernandes se integrou à banda do cantor por oito anos tocando violão e guitarra”, informou Leide Câmara. A pesquisadora autora do Dicionário da Música do Rio Grande do Norte viajou à Goiânia em 2007 para visitar José Fernandes e conhecer a sua história. No ano seguinte, o compositor morreria vítima de problemas cardíacos.
A reportagem tentou novo contato com Amado Batista. A assessoria do cantor se mostrou surpresa com o esquecimento: “Rapaz, Zé Fernandes era amigo-irmão de Amado. Deixou grandes saudades. São mais de 20 sucessos na voz de Amado. Foram parceiros em algumas músicas. Zé Fernandes tinha amizade grande também com o produtor de Amado, Reginaldo Sodré”, disse o assessor Acácio, minimizando a falta.
Desconhecido do público potiguar, o compositor foi capa de jornaisde Goiânia. Manchetes estampavam: “O favorito das feras”, ou “o maior fenômeno da música sertaneja dos últimos anos”. José Fernandes doou todo o material a Leide Câmara: “Sequer as composições ele guardava. Ele tinha medo que alguém roubasse e dizia que tinha tudo guardado na cabeça. E tinha outras dez já prontas para Amado Batista gravar”. José Fernandes colecionou mais de 160 músicas gravadas. A maioria, por duplas sertanejas. Só Amado Batista aproveitou 63.
Um dos jornais de Goiânia publicou um box com as “12 Mais” de José Fernandes, enumeradas pela sequência: “Serenata” (que vendeu 12 milhões de discos); “Seresteiro da Noite”; “Princesa”; e “Mais uma Vez Sozinho”, gravadas por Amado Batista. “Lágrimas do Coração” e “Quadro Negro”, gravadas por Leandro e Leonardo. “Deus”; “Linda, Linda”; e “Paraíso”, por Zezé di Camargo e Luciano. “Separação”, por Amado Batista. E “Quem É”, por Leandro e Leonardo.
DN online/Blog :Robson Pires.
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