SÃO PAULO - Uma nova técnica de engenharia genética, que cria vírus quiméricos (vírus atenuados e modificados geneticamente), pode tornar realidade a tão aguardada vacina contra a dengue, ainda sem uma data definida para chegar ao mercado. Pela primeira vez, o laboratório que desenvolve o imunizante em fase mais adiantada de testes, o Sanofi Pasteur, mostrou detalhes da tecnologia que, pelo menos até agora, se mostrou capaz de proteger contra os quatro sorotipos da dengue, sem causar a doença.
A chamada tecnologia recombinante une o maquinário responsável pela reprodução do vírus da febre amarela - mais estável e conhecido do que o da dengue - e um trecho do DNA do vírus da dengue que codifica a membrana externa do vírus, responsável por provocar a resposta imunológica. O resultado é um vírus vivo atenuado que não é nem o da febre amarela nem o da dengue, mas capaz de cumprir sua função: proteger o organismo contra a dengue.
- Esse processo é feito individualmente, com os quatro sorotipos. A vacina tetravalente traz esses quatro sorotipos quiméricos e conseguiu uma resposta imunológica boa e equilibrada contra todos eles. Isso foi muito bom porque as demais vacinas que vinham sendo desenvolvidas apresentavam boa resposta para dois ou três sorotipos, mas para um nunca era bom. Isso não aconteceu com a vacina da Sanofi - explica Fernando Noriega, vice-presidente associado de desenvolvimento clínico da Sanofi Pasteur para a América Latina.
No Brasil, os testes de fase dois -- para avaliar a produção de anticorpos e a segurança do imunizante -- começaram no fim de agosto, mas as pesquisas já estão mais adiantadas na Tailândia, onde os sorotipos do vírus são mais agressivos. Os resultados do primeiro estudo de eficácia (fase IIb), com quatro mil crianças tailandesas de 4 a 11 anos de idade, estarão prontos em 2012. O imunizante também vem sendo testado nos Estados Unidos, Austrália, México, Porto Rico, Honduras, Colômbia, Peru e em países da Ásia.
A pesquisa que vem sendo conduzida em Vitória, no Espírito Santo, pelo Núcleo de Doenças Infecciosas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), prevê incluir 150 pessoas, entre crianças e adolescentes sadios com idades entre 9 e 16 anos
Agência O Globo
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