A estreia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo merece uma tabelinha com um craque das letras. A crônica "Os Dungas", de Luis Fernando Veríssimo, no livro "A eterna privação do zagueiro absoluto", não se trata apenas de um gol de placa. É uma profecia prestes a ser consumada às 15h30 (de Brasília), no Estádio Ellis Park.
Em 1999, o texto do escritor gaúcho previa o futuro com uma precisão de dar inveja aos mais consagrados videntes. Veríssimo dizia que um dia, um time de futebol teria 11 Dungas. Curiosamente o texto está no site oficial de Dunga (capitaodunga.com.br). Veríssimo só não sabia que essa equipe seria a Seleção Brasileira. Onze anos depois, a previsão é real.
Quando a esquadra verde-amarela pisar no gramado para enfrentar a Coreia do Norte, pela primeira rodada do Grupo G, você verá em cada rosto a réplica de um senhor de 46 anos chamado Carlos Caetano Bledorn Verri - personagem conterrâneo de Veríssimo.
O autor escreveu: "Depois do Júlio todos osgovernantes da antiga Roma passaram a ser césares, e césar na forma de kaizer, tzar. Ficou nome genérico, como um dia 'Dunga' 'também será", previu. "Os times terão zagueiros, laterais, médios, 'dungas' e atacantes, e jogadores em estados ainda por nascer descreverão sua função ou sua ambição como de 'dunga' - dunga pela direita, dunga na esquerda, dunga avançado, dunga recuado".
Após três anos e meio de trabalho, essa é a imagem da Seleção Brasileira. Os 11 titulares e os reservas - goste ou não o torcedor brasileiro - são a cara de Dunga na tentativa de levar o país ao hexacampeonato. A Seleção pela qual você torcerá (ou não) foi formada à imagem e semelhança do seu criador. Age como ele, pensa como ele, fala como ele, joga como ele, e até se inspira nele para levantar a taça, em 11 de julho, no Soccer City. Como profetizou Veríssimo, "Os 11 Dungas aproveitam comemoração de gol para dar bronca". Assim será.
Dunga conseguiu achar 23 Dungas. Uns mais parecidos com ele, outros menos. Adestrados, todos refletemo discurso do treinador com palavras-chaves para o sucesso, como grupo, amor à camisa e comprometimento. Guerreiros como o capitão do tetra, todos eles juram amor à pátria, fidelidade canina ao líder, e prometem ir às últimas consequências para provar na bola que as atitudes corajosas do mestre foram corretas ao abrir mão de talentos como Ronaldinho Gaúcho, Neymar e Ganso, em detrimento de um elenco limitado tecnicamente, mas unido, competitivo e campeão da Copa América e da Copa das Confederações.
A Copa do Mundo está apenas começando para o Brasil, mas até o sonho do brasiliense Lúcio, de chegar à final e erguer a Copa do Mundo Fifa, em 11 de julho, no Estádio Soccer City, é inspirada em Dunga. O gesto eternizado por Bellini (1958), repetido por Mauro (1962), copiado por Carlos Alberto Torres (1970) e inovado por Cafu (2002) não servem. "Eu me recordo da Copa de 1994 e do Dunga levantando a taça". Que assim seja com você, Lúcio! Só não vale xingar nem chamar ninguém de traíra. Afinal, é um momento sublime.
Fonte:DNonline.
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