Criticado ontem pelo presidente Lula, pelo ministro da saúde, ONGs de defesa da mulher, médicos e parte da opinião pública nos últimos dias por ter excomungado todos os envolvidos no aborto realizado na menina de nove anos, na última quarta-feira, o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, foi defendido pelo Vaticano na Itália. Na próxima segunda-feira, deverá ser divulgado um documento do representante da Santa Sé no Brasil e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) confirmando o apoio à atitude do líder religioso. Ontem, a CNBB, Regional Nordeste 2, divulgou nota se posicionando a favor da vida, desde a sua concepção. E ressaltou o mandamento biblíco: Não Matarás. Também ontem, o arcebispo ressaltou que o crime de aborto é mais grave do que o do estupro, justificando porque o padrasto da garota, de Alagoinha, no Agreste do estado, que abusou da menina, não foi incluído na relação dos excomungados pela Igreja. "O mundo inteiro foi contra o holocausto, onde seis milhões de judeus foram mortos. O que está havendo é um holocausto silencioso onde um milhão de crianças são vítimas de aborto no Brasil", afirmou dom José. Ele disse ainda que não excomungou ninguém, mas que aquelas pessoas foram automaticamente afastadas da comunhão, segundo o Código de Direito Canônico. Na matéria publicada ontem no jornal italiano Corriere de La Serra, um representante do Pontifício Conselho da Família do Vaticano também defendeu a atitude do arcebispo de Olinda e Recife de excomungar as pessoas envolvidas no aborto dos fetos gêmeos, realizado no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), na Encruzilhada. O padre Gianfranco Grieco chamou os médicos que realizaram o procedimento de "protagonistas de uma sentença de morte" afirmando que a Igreja não pode trair os seus princípios - entre eles a defesa da vida desde a sua concepção até o fim natural -, mesmo diante de um drama humano forte, como a violência contra uma criança. O representante do Vaticano disse ainda que "o aborto não é uma solução, mas um atalho". E explicou também a excomunhão, que significa não poder receber o sacramento da comunhão. "Se uma pessoa vive em pecado e não se confessa, para a Igreja, também não pode fazer a comunhão", esclareceu. A reportagem traz ainda o argumento de dom José de que as leis humanas não podem se sobrepor às leis de Deus e repercutiu também a crítica do presidente Lula feita ontem, no Espíriro Santo, ao arcebispo pernambucano, cuja decisão foi chamada de "conservadora". Gravidade - Ontem, no lançamento da Campanha da Fraternidade, o arcebispo de Olinda e Recife voltou a falar sobre o caso. "Quem pratica o aborto está excomungado automaticamente. O crime de estupro é também muito grave, mas é menor em relação a quem pratica o aborto", reafirmou dom José. Ao ser questionado sobre aopinião da classe médica de que o aborto era o mais recomendado para o caso,o arcebispo respondeu: "Não entra na minha cabeça condenar à morte dois inocentes em cima de uma possibilidade". Enquanto a polêmica sobre o caso da interrupção da gravidez da menina de nove anos em Pernambuco ganha dimensão internacional, dramas semelhantes surgem em outros estados. Em Alagoas, uma garota de oito anos, que teria sido estuprada e espancada, está internada na UTI do Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió. O pai da criança é o principal suspeito do crime. Ele prestou depoimento ontem na Delegacia de Crimes Contra a Criança e o Adolescente (DCCA), mas foi liberado por falta de provas. Embora a internação da menina tenha ocorrido no início desta semana, a suspeita de estupro só foi confirmada na última quinta-feira pela Delegacia de Crimes Contra a Criança e o Adolescente.Qual a Sua Opinião?Comentem
Fonte: Diário de Pernambuco
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