segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Inflação segue em queda, mas população não sente; economista explica

INFLAÇÃO 2Gasolina, pão, eletricidade e passagem de ônibus são apenas alguns dos itens que vem aumentando de preço e pesando no bolso da população. As notícias anunciadas pelo governo são sempre de melhorias na economia, que a inflação está em queda livre, no entanto não é o que o consumidor tem encontrado no seu dia-a-dia, e os aumentos diários nas últimas semanas começam a assustar a população, que se vê refém de preços que não baixam.
Mesmo com as notícias sobre aumentos diários, o governo sustenta que a economia vai bem e algumas notícias são realmente boas, mas muito longe do esperado.
É o caso do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que em julho deste ano, no acumulado em 12 meses, teve a menor taxa desde 1999, que foi de 2,71%.
Segundo o economista, Luiz Maia, esta percepção da população de que as notícias boas não são sentidas no bolso é comum, e afirma que há uma dispersão no cálculo do IPCA.
“Esta percepção é muito comum, a verdade é que o IPCA, é chamado de amplo porque ele pesquisa hábitos de consumo de famílias e de condições sócio-econômicas completamente distintas. São mais de 10 mil produtos verificados em milhares de pontos de venda em todos os lugares do Brasil, então existe uma grande dispersão, tanto de hábitos de consumo, de cestas particulares, de bens consumidos pelo individuo A ou indivíduo B, quanto também de pontos de venda”, explicou.
Ele explica como isso acontece.”Se você fizer um experimento e sair de casa e fizer a mesma compra das mesmas marcas em três supermercados diferentes, você vai encontrar uma dispersão ai de 15, 20, talvez até 30% no valor total da compra. Então em uma economia como a nossa , em que a gente conviveu durante muitos anos com inflação elevada, muitos vendedores tem a atitude de precificar de maneira oportunista os seus bens, de modo que se você for em um supermercado de bairro, você vai ver certos bens sendo precificados de maneira mais agressiva e outros mais barateados para atrair aquela clientela, e se você for em um supermercado desses tradicionais, você vai ver um comportamento completamente distinto”, afirmou o economista.
De acordo com Luiz, a percepção que a população tem da inflação é distinta do conceito de inflação média.
“Então a percepção nossa da inflação, geralmente é muito distinta da inflação média. Isso quer dizer que o índice na verdade não expressa a inflação de ninguém, mas expressa a inflação de uma média, de um indivíduo teórico, que não existe. De toda forma se a pessoa quiser saber, o índice de inflação mais próximo das famílias de baixa renda, o INPC, que é um índice de preços ao consumidor que também é calculado pelo IBGE, e aí ele foca em famílias com rendas muito mais baixas, eu acho que se não me engano de um até cinco salários mínimos, ai você vai ver alguma diferença, mas mesmo assim talvez não tão grande”, explicou.
No entanto, acrescenta que esta é realmente uma realidade comum. “Mas de toda forma é uma realidade muito comum, sempre encontrada pelas pessoas que confundem uma média, com um valor que elas vão observar pessoalmente”, finalizou.
De acordo com a economista Márcia Azevedo, esse aumentos em áreas variadas tem uma explicação. A exemplo do aumento do gás de cozinha, que tem reflexo direto no aumento do custo de alimentação em restaurantes.
“A inflação depende de uma média de preços, ela não depende de um preço isolado, o que eu quero dizer é que existem preços que influenciam outros preços, á exemplo da gasolina e do gás de cozinha. Por exemplo, o aumento do gás de cozinha vai aumentar o custo de alimentação em restaurantes. O aumento do preço da gasolina vai aumentar o preço do transporte público”, disse Márcia.
Segundo a economista, a inflação tem baixado em decorrência da redução do consumo de bens, no entanto outros bens não reduzem como é o caso da gasolina.
“Como nós estamos vivendo ainda um período de recessão que é queda do emprego dentro da economia e a inflação se reduz porque os consumidores reduzem o consumo de todos os bens, mas existem alguns bens que não podem reduzir”, explicou.
E acrescentou que a solução para o consumidor é tentar reduzir o consumo em outras á reas que não sejam estas que não é possível reduzir.
“Apesar de no Brasil a gente estar tendo uma redução da taxa de inflação, no acumulado este ano a taxa de inflação ela está em 1,62% e este é o menor índice para o mês de agosto desde a implantação do plano real, apesar disso, os preços mais importantes, como por exemplo o combustível, continuam elevados. A solução para o consumidor é reduzir consumo em outras áreas”, finalizou.
Inflação pesa no bolsa na população
No Brasil, os constantes aumentos de preços são sentidos diretamente nas contas e planejamentos da população. O advogado Renan Castro, vê com um olhar de indignação o que acontece no país. Na opinião dele, as mudanças no governo acontecem, mas o custo de vida no Brasil continua sendo muito alto.
“Na minha opinião o Brasil não possui uma economia firme. Apesar do governo nos prometer melhoras, nós não sentimos no bolso a diferença. O custo de vida é bem alto, sai governo, entra governo e nada muda”, disse.
Segundo ele, o país tem um bom potencial para ter uma economia estável, mas o que se observa é que os preços só continuam aumentando.
“Dizem que a inflação caiu, que vai cair mas continuamos pagando preços altos por gasolina, alimentos, no transporte público e até então ninguém explica qual o motivo. E em um país como o nosso que pagamos altos e vários impostos, que é auto-suficiente em algumas matérias primas, que é um grande exportador, ficamos sem entender a causa de isso tudo”, afirmou o advogado.
O empresário João Angeloni, que é um consumidor de combustível, assim como boa parte da população brasileira, tenta sempre ser otimista, no entanto segundo ele, hoje em dia a situação anda preocupante, principalmente com tantos aumentos nos preços de combustíveis.
“Eu procuro ter uma visão otimista das coisas, mas hoje em dia está meio complicado manter esse pensamento. Por mais que a inflação atual esteja estável e consideravelmente baixa, nós estamos sofrendo muito com o preço dos combustíveis que está elevado pelo aumento de impostos implementado pelo governo, o que nos atinge diretamente porque o transporte de alimentos e de bens de consumo no Brasil é feito quase que exclusivamente por caminhões, que dependem dos combustíveis para rodar”, disse.
E acrescentou que espera que as notícias futuras sejam melhores, para que no ano que vem o país possa ter uma reação.
“Eu vejo que a economia começar a dar alguns sinais de melhora, mas de forma muito lenta e acanhada pois a confiança da população e dos empresários está baixa. Espero que até o fim do ano as coisas melhorem e a economia dê uma guinada para que chegue no próximo ano com poder de reação”, destacou.
Fontr- http://glaucialima.com

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